SPS College

SPS College

01/11/2022

 

Hoje foi dia de reunião na SPS College: a escola do Serviço Prisional Escocês (SPS). Caía uma chuva fina quando cheguei na estação da Queen Street para retirar meus bilhetes de viagem. O trem partiria às 12:15, passaria por duas cidades e alcançaria a estação de Polmont às 12:39, onde Iain McCulloch, Diretor Interino da escola, estaria me aguardando. Isso estava previsto no itinerário, finalizado duas semanas antes da viagem. Enquanto comia rapidamente um sanduíche de BLT (bacon, lettuce and tomato) a meia quadra da estação, me flagrei pensando em várias hipóteses de possíveis atrasos para bagunçar toda a agenda. No entanto, a precisão britânica superou a enciclopédia de absurdos que imaginei: o trem fechou as portas no horário previsto, chegou no destino no minuto exato e, quando botei o pé na plataforma, avistei Iain de pé com um amplo sorriso de boas vindas.

Na escola, fui apresentado a Griff Williams e a Anna MacKenzie. Os três, então, fizeram uma apresentação geral, com informações que me surpreenderam, algumas das quais reproduzo aqui:

• A Escócia tem cerca de 7.500 pessoas privadas de liberdade (provisórias e condenadas), numa tendência de redução desde 2012.

• A capacidade de engenharia dos estabelecimentos prisionais é de 7.725 vagas.

• O índice de ocupação atual é de 97%.

• O Serviço Prisional Escocês conta com 4.500 "prison officers", sendo que dois terços deles atuam diretamente com as pessoas presas.

• Atualmente, a SPS College enfrenta dificuldades no recrutamento de servidores.

• No total, são 15 estabelecimentos prisionais; dois deles, são administrados pela iniciativa privada, com contrato previsto até 2024, confirmada a não renovação.

• Os servidores que integram o SPS são chamados de "prison officers". Mas, existem duas carreiras distintas:

a) O "Operations Officer" trabalha diretamente com a segurança dos estabelecimentos prisionais. Seu treinamento tem a duração de 6 semanas de aulas e 1 semana de estágio local. A ementa do curso se concentra em: Valores e Segurança no Estabelecimento.

b) O "Residential Officer" trabalha diretamente com as pessoas presas ("frontline engagement"), prestando-lhes assistência cotidiana e gerenciamento da execução penal. Seu treinamento dura 7 semanas de aulas, com uma semana adicional de estágio local. A ementa do curso tem as matérias do curso do "Operations Officer" e uma sobre Gerenciamento de Casos.

(Ao final do seu curso, o "Operations Officer" pode solicitar transferência ao treinamento de "Residential Officer", quando, então, tem de realizar a complementação do curso, que pode ocorrer em duas semanas.)

Após a exposição de dados e uma discussão muito interessante sobre a reelaboração do curso de formação nos eixos temáticos acima descritos (novos temas não geram novas disciplinas; os novos conhecimentos são distribuídos nos eixos e integrados nas linhas de ensino prático), visitamos todas as salas do complexo. Fui apresentado aos agentes que encontramos no caminho - a doce hospitalidade escocesa de sempre. Levaram-me também para conhecer duas turmas, que estavam realizando o curso naquele momento. Os futuros "prison officers" fizeram muitos questionamentos, curiosos quanto a um sistema prisional estrangeiro e empolgados com a visita de um policial penal da SUSEPE (apontei o local no mapa, mostrei o site, apresentei números e repeti alguns dados da palestra de Reading sobre o desenvolvimento da arquitetura penitenciária).

Despedimo-nos com a promessa de troca de materiais e de um reencontro em breve. Voltei para Glasgow, arrumei as malas, despedi-me de Brian (meu adorável anfitrião, bom de papo, socialista e autor de um delicioso latte), de Dylan e Meg (seus labradores pretos) e tomei o caminho da rodoviária. O destino agora é Londres.