A arquitetura prisional se tornou um recente interesse de estudo. (Da minha parte, obviamente; porque, há pelo menos dois séculos, há quem tenha se dedicado a essa questão.) Quando recebi o convite para palestrar na University of Reading, concluí que seria um bom momento para me dedicar um pouco mais ao tema.
Pesquisei a bibliografia básica. Para a coautoria, convidei a Ana Mezzalira, colega de trabalho e de docência. Juntos, coletamos informações com servidores mais experientes do sistema penitenciário (Micol e Luissandro). Compartilhamos ideias, rascunhamos argumentos, selecionamos uma linha de pesquisa.
A primeira apresentação da nossa pesquisa ocorreu na PUCRS, durante o Congresso Internacional de Ciências Criminais. A segunda apresentação foi feita na Faculdade CNEC Gravataí, onde a Ana leciona. A terceira, ocorreu hoje, no teatro do prédio JJ Thomson, na University of Reading.
O objetivo da nossa pesquisa é explicar como imperativos socioeconômicos e ideologias penais de punição e controle têm sido traduzidos em formas materiais - ou seja, na arquitetura prisional. Analisando a data de construção e o layout dos estabelecimentos prisionais em funcionamento no estado do Rio Grande do Sul, foi possível identificar cinco fases distintas.
No estudo, fica claro que o desenvolvimento das arquiteturas e tecnologias prisionais não necessariamente significa a humanização da pena; ao desvelar fatos históricos, imperativos socioeconômicos, os correspondentes discursos penais e como tudo isso tem se traduzido na materialidade dos edifícios, o que vimos foi a intensificação do controle e a expansão dos objetivos do aprisionamento ao longo do tempo.